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terça-feira, outubro 24, 2006

Adágios deste tempo
1 - Quem pouco dorme muito rouba.
2 - Os ricos pagam impostos nas putas caras.
3 - Os padres são os saloios do presente.
4 - Deus ainda ilude muita gente.
5 - Quem come sentado tem forçosamente as calças rotas.
6 - Os pobres estão cada vez mais sossegados.
7 - Os caloteiros trabalham todos os dias.
8 - Há cada vez mais agiotas e poetas.
9 - Os mortos começam a ter dificuldades.
10 - Os vivos só olham para as dívidas que têm.
11- Quem mete na comida muito sal, não chega ao Pragal.
12- Em Maio poupa um desmaio.
13- As aparências desiludem.
14- Quem vê televisão é porque não pode comprar um saguão.
15- Os sábios escondem-se ou caíram em desuso.
16- Toda a gente conhece a valsa do cinto das calças.
17- Os portugueses têm casas a mais e botões a menos.
18- Há cada vez mais pessimistas desenforcados.
19- Quem escuta, passa a ser parvo.
20- Quem dá aos pobres, ainda escreve cartas.
21 - Homem pequenino, não tem necessariamente de ter um de asinino.
22 - Os futebolistas dão sempre nas vistas.
23 - Quem muito fala só pode ser um génio.
24 - Quem se mete a viver com um preservativo, mete-se fora da sociedade.
25 - Ri-se só quem está a ser enrabado ao sábado.
26 - Os moribundos comem kiwis.
27 - Os jornalistas, em vias de extinção, copiam-se todos uns aos outros.
28 - No Verão divide o teu cão pelos vizinhos.
29 - «Finalmente vai a Fátima!» dizem os caóticos.
30 - Quem come pão ainda acredita na revolução.
31- Não confundas o entardecer com o fim do mundo.
32- Grão a grão enche o romancista o coração.
33- Os médicos padecem todos de hipertensão do porta-moedas.
34- Os advogados são dinossauros electrocutados às moscas.
35- Os artistas continuam a morrer de velhice e de muito juízo.
36- As pessoas mais sensíveis são os cangalheiros.
37- Os computadores portáteis póstumos dos escritores que se suicidaram ou daqueles que morerram vergonhosamente sós, são sistematicamente roubados pelos primeiros polícias a chegarem ao local do crime e desaparecem naturalmente na natureza.
38- Caçar feriados com redes e furões, o maior desporto.
39- Não conheço nenhum careca que não esteja desesperado.
40- As mulheres são como as raposas, entram nuas nos capoeiros e saem grávidas.
41- Estamos todos a apertar parafusos inexistentes.
42- É o número que eu calço para entrar no Inferno, classificado património português.
Manuel da Silva Ramos
(in Ambulância, Pubs. D. Quixote, 2006, p. 195/6)

# posted by Daniel Melo : 1:24 da tarde
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